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Chama-se inês com i pequeno e um dia vai ser bailarina de caixa de música ou cinderella profissional. Não gosta de palhaços e tem pavor a machucares de coração. Gosta de decalcar sentimentos e remexer em entranhas. Quando fica nervosa morde o lábio inferior ou finge tocar piano nas pernas. Tem o coração pequeno e os olhos grandes, tem os olhos muito grandes.

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13 Cubos de gelo
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quarta-feira, 30 de março de 2011
- Já te roubaram o coração muitas vezes?
- Não. Já o cedi gentilmente, de forma muito cordial, da forma que o amor nunca será. Mas também já quase o roubaram, já quase lhe pegaram pelas pontas, já quase ficaram com todos os seus jeitos. Mas nunca perfeitamente, sempre com pontas soltas. Nunca ficou colado às mãos de ninguém. Tenho medo que nunca fique. Que esteja condenada a tê-lo meu para sempre, sossegado no peito. 



10 Cubos de gelo
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domingo, 27 de março de 2011
- O que mais te toque na alma?
- Palavras lapidadas, gestos imperfeitos. Pessoas prestes a rebentar o tempo inteiro. Fragilidade controlada.



3 Cubos de gelo
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sexta-feira, 25 de março de 2011
Experimentamos o movimento. Dançamos as palavras, os sons. Dançamos o que nos rodeia. Dançamos olás, adeus e boas tardes. Uma ou outra vez, dançamos amor. Em desespero puro. É-nos tão insuportável que acabamos exaustos no chão. Toda a energia nos é sugada do corpo e deixamo-nos ficar apáticos por momentos. Quase que me arrependo, quando me apercebo de como isto dilacerou o meu corpo. Como me arranhou a alma. Quase me arrependo, até sentir o ardor nos músculos e a fragilidade da índole, brutalmente abusada. Até me lembrar que nunca me tinha sentido tão viva.  



4 Cubos de gelo
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quinta-feira, 24 de março de 2011
- Já amaste ou ainda não sabes o que é amar?
Eu já amei de formas diferentes. Já amei palavras, sorrisos, personalidades, abraços. Já amei muita gente durante espaços de tempo limitados. Mas não é isso que o amor é, pois não? Dizem que ele nunca acaba. Não pode ser delimitado no tempo. Por isso não, o coração nunca me foi arrancado do peito. Pelo menos não totalmente.





4 Cubos de gelo
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terça-feira, 22 de março de 2011
- Se tivesses de resumir os teus interesses e agrupá-los numa categoria, como se iria chamar?
- Linguagens corporais. O movimento sempre foi o maior comburente da minha alma. Talvez até o único.



7 Cubos de gelo
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- Tinha o cabelo curto?
- Sim.
- Preto, assim como petróleo em bruto?
- Tinha.
- De simpatia muito acentuada, mas sem sorrir?
- Exacto.
- Tinha ar de quem ama o mundo em silêncio?
- Sim.
- Era mesmo ela então.



10 Cubos de gelo
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domingo, 20 de março de 2011
- Ninguém é de ninguém, mas tu és um bocadinho meu.
- Sou?
- És. Porque sou um bocadinho de ti, já. Por todas as tardes, pelas noites intermináveis em que foste capaz de me ouvir ou de estar só perto de mim, sem dizeres nada. Por seres emocionalmente inteligente e por me conseguires passar essa característica de forma tão ténue. Por não deixares que me sinta sozinha tantas vezes.
- É porque gosto muito de ti, nês.
- Eu sei, eu também gosto muito de ti. Se eu acreditasse em amizades preferidas, em laços inquebráveis, chamava-te melhor amigo.




10 Cubos de gelo
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quinta-feira, 17 de março de 2011
- O toque. Leve, suave, repentino.
- O rebentar.
- O rebentar?
- A explosão de sentimentos. As lágrimas de fúria. A revolta em movimentos mínimos, o rebentamento controlado. Só visível aos olhos de alguns. Só ao alcance de corações treinados.



6 Cubos de gelo
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As pessoas vão-se embora, ficam-nos memórias obtusas. Momentos pontiagudos na memória. Farpas no coração.



4 Cubos de gelo
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terça-feira, 15 de março de 2011
A Lis está sentada, enquanto eu me esforço por desembaraçar todos os nós do seu cabelo, sem a aleijar.

- Gosto muito de ti Inês.
- Também gosto muito de ti, jasmim.
- Vês, é disto que eu gosto. Não faz mal eu dizer que gosto de ti muitas vezes, porque tu ficas feliz em todas. As outras pessoas querem sempre saber porque é que estou a dizer isso agora. Eu só digo porque me apetece dizer, tu sabes. Tu nunca perguntas nada, respondes só que gostas muito de mim também, e depois calamo-nos de novo. És simples, entendes? Gostas de coisas bonitas e vazias. Como um 'gosto muito de ti', ou como eu. É por isso que gostas de mim?



4 Cubos de gelo
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domingo, 13 de março de 2011
- Silêncio.
- Conjunto de sons inaudíveis.
- És a minha zona de conforto, sabes? Onde os silêncios se dissolvem e as palavras se convertem em amor.
- Podes permanecer em mim para sempre, pequenina.



6 Cubos de gelo
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sábado, 12 de março de 2011
No silêncio de um gesto, na precisão de um grito. Um eco abafado que ressona nas quatro paredes escuras à nossa volta. Eu escrevo poemas de Neruda a marcador no chão do teu quarto, enquanto tu citas Kafka, quase que para ver se há alguma ponte que os una, que os funda, que os unifique. Não temos as luzes acesas, não há brilhos nem focos de luz. Às escuras, para que não nos dispersemos no espaço. Deixamos de as conseguir visualizar e passamos a senti-las. A forma como ressonam nas tuas cordas vocais, a paixão com que as agarras e me as ditas. Sabe-las de cor. Afinal, são o que te move todos os dias.



11 Cubos de gelo
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quinta-feira, 10 de março de 2011
- Levantaste-te cedo.
- Vou embora.
- Isso eu sei, só não entendo porquê.
- Porquê? Já não passamos de cinzas há tanto tempo, pequena. Fragmentos do que fomos.
- Vais-me partir o coração.
- Tenho ficado sempre, mesmo sem te amar - o teu coração já virou plástico. Recicla-o.


9 Cubos de gelo
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terça-feira, 8 de março de 2011
O corpo, incessivamente mergulhado em palavras. O gelo das palmas das mãos desabituadas ao toque. Chávenas de café que escaldam o paladar no primeiro contacto. Os músculos a implorarem pelas primeiras notas do piano. O cheiro dos livros antigos, aquele aroma indecifrável que nos envolve irremediavelmente. As pessoas, leves, sem o peso do mundo. Sem o fardo pesado das palavras. Afáveis o suficiente para que as possa amar. O coração, mutilado pelo sofrimento da procura exaustiva da paixão, da beleza, do sentimento que nos faz ver mais, que retira a apatia que nos caracteriza. A minha utopia.


15 Cubos de gelo
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segunda-feira, 7 de março de 2011
- Quando vês as pessoas que te foram muito a já não te serem nada, não dói?
- Oh, se dói. Dá-nos sempre aquele nó no estômago, não importa quanto tempo passou. Temos sempre alguma coisa para dizer, mas acabamos por a calar. Deixamos a mágoa só para nós, a corroer-nos a alma, e fingimos. Somos tão bons a fingir que deixamos de saber onde acaba a mentira e começa o sofrimento.



6 Cubos de gelo
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domingo, 6 de março de 2011
Tinha o cabelo vermelho-fogo e as bochechas rosadas, era linda de morrer e completamente vulgar. Gostei dela logo aí, por ser um paradoxo tão bem definido. 
Era tão bonita. Tão bonita e mesmo assim tão vazia, tão trivial quanto o mundo que a rodeava. Isso atraía-me irremediavelmente para ela. O comum do seu ser tornava-a especial de uma forma que nem eu conseguia entender perfeitamente. A suma da sua irrelevância, de todos os lugares-comuns de que era constituída faziam-na especial. 

10 Cubos de gelo
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quinta-feira, 3 de março de 2011
Arrancam as utopias do meu corpo, sem qualquer tipo de dó. Estou aqui e já não gosto do que sou. No entanto vieram ouvir-me gritar. Sádicos. Vieram assistir enquanto me desfaço em pedaços. Vieram aplaudir a decadência do ser humano. Ver como somos limitados e as almas, negras. Não vieram sofrer connosco. Saiam. Nem olho para vocês. Metem-me nojo. Não entendem nada, não compreendem nada, não sentem nada. Nunca dançaria para nenhum de vós.