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Chama-se inês com i pequeno e um dia vai ser bailarina de caixa de música ou cinderella profissional. Não gosta de palhaços e tem pavor a machucares de coração. Gosta de decalcar sentimentos e remexer em entranhas. Quando fica nervosa morde o lábio inferior ou finge tocar piano nas pernas. Tem o coração pequeno e os olhos grandes, tem os olhos muito grandes.

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13 Cubos de gelo
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sábado, 29 de maio de 2010
As palavras atropelam-se na tua boca e criam o embaraço a que chamo amor rasurado. A melodia lenta dos sentimentos que te jorra por entre os lábios parcialmente cerrados é o que me arde o coração. E sabes que eu nem sou dada a estas porcarias de sensibilidades e bem quereres.  Demasiado ásperas ao tacto. Demasiado tuas.

(peço desculpa por o quão desinteressantes andam os textos)

7 Cubos de gelo
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quinta-feira, 27 de maio de 2010
«Não nos sentia assim há muito. De cumplicidade estonteante, carne cravada num mar de afeição pura. Funcionando em sintonia perfeita. Que falta me fazias deste jeito. Muita, muita.»
17-05-10
E que falta me fazes ainda agora desse jeito. Desgosto-me assim, débil. Feita de irregularidades em superfícies rugosas. E desgosto da barreira psicológica criada entre nós. É a proximidade distanciada e a minha apatia. É a afeição que extravasa em nós o que nos salva. Este bem-querer coberto por um invólucro falso de desdém o que nos aquece o coração. Ternura trazida por ti em grandes sacos cor-de-rosa. 




13 Cubos de gelo
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domingo, 23 de maio de 2010
Há pessoas que que dão vontade de segurar e envolver nos nossos braços. Desejamos puder conseguir destilar-lhes as lágrimas e remendar-lhes a alma. É dos meus males. Sou atraída pelo complicado e distorcido. Há certas e determinadas pessoas que me enchem as medidas na perfeição. Gosto-as danificadas, de lhes aconchegar o coração combalido. De desequilíbrio visível e palpável. Gritando por afecto. Assim, do meu jeito.

10 Cubos de gelo
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sexta-feira, 21 de maio de 2010
Olha que eu cá não desgosto dessas atitudes de embate. Que me queiram esborrachada no chão e golpeada em profundidades exorbitantes. Estrangulamentos mentais. Ainda sou apologista da teoria do equilíbrio da balança. E amor com amor não me convence. É preciso o ódio puro,  fogoso e violento para sabermos que não somos insípidos. A neutralidade faz-me comichão. São alergias minhas. Hipersensibilidades.


12 Cubos de gelo
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quarta-feira, 19 de maio de 2010
Percalços, não é? Pois. Senti-te a falta, mesmo assim. Ainda me fazes falta, consegues acreditar? Desculpa-me o facto de ser tão aderível. Pego-me exacerbadamente às pessoas. Para ti isso representa uma falha de personalidade. Divergências, pronto. Não te sei mais agradar. Nunca o quis realmente fazer, sabes? Engraço com o meu jeito. Não tenho outro. Não quero ter. Bah. Por muito que te possua, por muito que te detenha numa caixa de veludo, será sempre um disfarce. Partirás à mercê da vida, deixando-me com o invólucro de uma cilada de amor e a percepção de que não passamos de aderentes na iminência de descolar. Descansa. 
Da tua ligeiramente danificada, Inês.

6 Cubos de gelo
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terça-feira, 18 de maio de 2010
Vem minha jasmim, volta. De textura áspera e revestida de doçura. Fazes-me tanta falta miúda. Vem jasmim, senta-te a meu lado. Destrói-me os caracóis do cabelo e explica-me o porquê destas perturbações emparelhadas mediocremente. Vem minha jasmim, vem e não me olhes. Preciso de chorar.



12 Cubos de gelo
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segunda-feira, 17 de maio de 2010
- Não te suporto garota. A ti e a essas luzes que envergas aos sonhos. Não sei do que são feitos.
- Pasta de papel. Pegajosos e em papa. De vez em quando cartão robusto. 3 moléculas de hidrogénio e duas de metano. É sempre muito subjectivo. Eles são sempre muito subjectivos.


12 Cubos de gelo
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domingo, 16 de maio de 2010
Lis dizia que o amor era um cáustico mar de efemeridades onde nos deixamos afogar, vezes e vezes sem conta. É o brilho do despoletar o que nos cega a alma e tapa os ouvidos do coração. A ingenuidade de Lis não se aplicava nestes casos. Ela sabia de cor o quão profundo cada golpe consegue ir. Conhecia o cabo de cada punhal, a minha jasmim. Era singular em cada atitude. Sempre que a golpeavam de qualquer forma, ela ripostava dizendo:
- Tu não brilhas.
E dizia-o exactamente desta forma. Falava do mesmo modo que escrevia. E vivia do mesmo modo que sonhava.

14 Cubos de gelo
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sábado, 15 de maio de 2010
Conhecias-me as pontas da alma e as arestas do coração. Sabias-me sonhadora de mundos e vidas e nunca, nunca me tentaste assentar no chão. Às vezes até sonhavas comigo. Atribuías novas características às minhas utopias, davas-lhes novos contornos. Ficavam assim mais tuas. Mais nossas. E eu nem me importava, o intuito continuava fixo. Eu e tu num mundo nosso, criado em volta da percepção pura e perfeita de que viveríamos por entre raios de luz e pedaços de cetim. Nuvens de algodão doce e bocados de bombons anímicos, juntos numa perfeição distorcida. Não deixavas que nos desfiassem os sonhos, nunca. Éramos pisa-papéis de solidão. 

16 Cubos de gelo
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sexta-feira, 14 de maio de 2010
- Como raio viemos todos cá parar?
- Acho que fomos feitos às três pancadas. Embora pense que tu levaste quatro.
- E então porquê?
- Ora: levaste as três pancadas de rotina, tudo ficou dentro dos contornos e preenchido de matizes claras. E depois levaste a quarta, que tirou tudo do sítio. Tens o sistema todo lixado,miúda. És daquelas obras-primas que toda a gente acha que estão ao contrário.
- E tu, de que me perspectiva me vês? 
- Eu faço parte daquele grupo restrito de pessoas que sabe reconhecer uma peça de arte quando a vê. Mas também gosto de brincar aos pintores de vez em quando. E és a minha musa. Obra viva. E reinvento-te, todos os dias. Aliás, reinventas-te sozinha, eu só defino contornos. Grandes borrões feitos a carvão, que tu não és de meios-termos, não senhora.
- Falta-me a borracha.

11 Cubos de gelo
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quinta-feira, 13 de maio de 2010



Lis, a minha pobre alminha perdida por entre um borrão de manchas de carvão . Como açúcar torrado. Coração padecendo de amor. Campos de trigo, sem trigo nenhum. Tinha um daqueles jeitos delicadamente brutos capazes de nos envolver e encantar. Terna solidez e precisão abrupta. Tal e qual um felino brincando com um novelo de lã.
De uma meiguice descomunal, a jasmim. Que bem sorria. Gargalhadas condensadas, obedecendo a um padrão rítmico. Um deleite de ouvir. Foi ela. Foi ela que me pegou o gosto por a cumplicidade. Foi ela quem me ensinou as cores de um abraço. Quem me envolveu pedaços de coração em celofane.

12 Cubos de gelo
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terça-feira, 11 de maio de 2010
Na corda bamba, balançando em desequilíbrio controlado. Óh mon amour, que é feito de nós? Estilhaços. Andamos feitos estilhaços. Pobres alminhas deambulando por ruelas de amargura. É assim. São os fins abruptos e os abraços de alento. Lacrimejares falsos, só porque achamos moralmente incorrecto não o fazer. Perdas lamentadas em compassos binários e sorrisos perdidos numa rajada de vento. Corações corroídos por o intervalo de tempo. Ah, sacana. Apanha-nos sempre, o fedelho. Não é justo. Newton dizia que construíamos muros em vez de pontes. Eu construo placas de aço inoxidável fixas ao chão desde raiz. E tu costumavas construir berbequins. 

20 Cubos de gelo
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domingo, 9 de maio de 2010
Morfina para as pontadas do coração. Aspirinas que se tomam para as enxaquecas de saudade. Brufens para a solidão e bisturis dilacerando memórias. A minha doença? É a das almas perfuradas por bocadinhos de arco-íris. São flores virando pózinhos mágicos coloridos de onde se extraiem grãos de felicidade. São ataques cardíacos sucessivos. Falta de oxigénio e afeição excessiva. Neuropatias a dois. Há também quem lhe chame amor, mas isso é a demência a falar. Todos sabemos que o amor é hiperplasia. Lúpus que inflama os tecidos do coração. Seria tolo atribuir-nos o cognome. Nós somos só porções de afecto prensado, inclinações de alma. De que nos vale, meu amor, se o coração não se exalta ?

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sábado, 8 de maio de 2010
- Não gosto disto assim.
- Assim como?
- Assim, insonso. Meio-termado. De vestido imaculado e cabelo impecável. Muito como devia ser.
- Eu acho que estamos bem assim.
- Era o que eu temia. Perdeu-se a diferença. Esfumámo-nos e agora não te distingo de mim. Fundimo-nos, e eu deixei. Perdi-me para ti. Soube fazê-lo. Agora, saberei decerto como me encontrar. Longe, que a distância é remédio santo para quebras de espírito e desamores.

14 Cubos de gelo
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sexta-feira, 7 de maio de 2010
Às vezes deixamos de ser como somos, para sermos como temos de ser. Moldam-se mentes, ajeitam-se personalidades e sobem-se bainhas de impetuosidade.  Passamos a ser estritamente paralelos e a evitar a perpendicularidade. Ninguém anseia por o embate. Ninguém acha o choque da discrepância agradável aos olhos e saboroso ao coração. A avidez da troca de ideias fortes, com pequenos pedaços de orgulho singelo pelo meio. 
Já ninguém quer colidir. 

13 Cubos de gelo
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quinta-feira, 6 de maio de 2010
- Como classificas as falhas?
- Como as reproduções mais fiéis do meu ser. Simulacros de amor prensado.

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quarta-feira, 5 de maio de 2010





Ser amiga de lis era a coisa mais simples do mundo. Nenhum esforço especial era requerido. Se ela engraçasse com a nossa forma de ser bastava sermos assim o tempo inteiro. Era doce,  verdadeiramente doce. Não propositadamente, não para agradar. Era o seu jeito de ser. Ripostava sempre que eu realçava essa característica nela.
- Não, não posso ser doce. Sabes o que acontece às pessoas dóceis e aprazíveis? São espezinhadas. Ficam o brinquedo do mundo. Eu não sou nenhum brinquedo nês.
Dizia a última frase de lágrimas nos olhos. Encantava-me a forma singular como via o mundo depois de tudo o que já tinha sofrido. Para Lis o mundo era uma grande bola cor-de-rosa felpuda onde ela deslizava dia após dia. Talvez eu fosse a única pessoa que sabia que, por dentro, estava em carne viva. Desgasta de uma vida de injustiças e violência. Pobre bonequinha de porcelana. Estava feita estilhaços. 


14 Cubos de gelo
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terça-feira, 4 de maio de 2010
- Não me venhas com essa atitude, inês. Não me dês essa imagem de miúda sem medo que consegue controlar tudo à sua volta.
- Nunca disse tal coisa. O medo é um dos meus irmãos de sangue. Ando com ele desde que me conheço. É um tipo porreiro, com um humor um bocado pérfido. Mas assenta-me os pés na terra. Aliás, cola-mos lá...
- Más companhias, é o que é.



27 Cubos de gelo
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domingo, 2 de maio de 2010
Não, hoje não. Hoje sou pasta de papel. Letra de jornal que borra, risco a carvão. Rosa em bruto e doce de caramelo. Hoje o coração será substituído por algodão doce e caneta de aparo, envoltos em lírios azuis. Serei rainha do reino dos que sofrem de personalidade limítrofe e sofreremos de ambivalência juntos.  Serei áspera ao toque e ácida ao paladar.  Arco-íris sépia e unicórnio laranja por entre prados azul ardósia. Verei o Sol de pernas para o ar, só para arrufar com a gravidade. Somos duas grandes meninas mimadas. Ela puxa-me e eu resisto. Andamos nisto desde que me conheço. Sabes o que quero mais? Quero engolir a lua. Abocanhá-la de uma só vez. E quero que todos reconheçam, de uma vez por todas, que o céu é magenta.



21 Cubos de gelo
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sábado, 1 de maio de 2010
Conhecia-me como ninguém e adorava que lhe confessasse tudo. Dizia, vezes sem conta: «ninguém te sabe como eu te sei». E dizia-o cheia de presunção nos lábios. Era uma cutie pie, a Lis. A única pessoa com autorização para me ver chorar. Reagia peculiarmente diante lágrimas. Não a sobressaltavam de modo algum. Era disso que eu gostava. Poder chorar, sempre que me apetecia, sem justificações ou avisos prévios. 
- É uma maçada, quando nos perguntam porque estamos a chorar.
- Se o fazemos é porque nos escassam as palavras e as coisas batem forte no coração, não é Lis?
- É sim senhora.
E virava costas. Deixava-me ali, vertendo lágrimas durante um tempo. Voltaria, depois, para me reconfortar. Conhecia o papel de amiga vulgar, embora não lhe despertasse interesse. Irreverência, essa sim, lhe arregalava os olhos. Era protectora, a seus modos. Cuidava de tudo o que lhe pertencia. E sabia-me dela.